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A doença no paciente e suporte familiar.

A doença no paciente e suporte familiar.

Por: Rivane Montenegro

O indivíduo é parte resultante de seu núcleo familiar, sendo assim esta vinculação compõe o sujeito através da hereditariedade, fatores culturais a ele transmitidos e da formação de vínculos afetivos. Utilizo o pensamento sistêmico como referencial para contextualizar o tema abordado pela visão voltada para redes e suas relações.

Diante dos fluxos que circulam nestas relações que assim como numa espiral alterna a forma diante de novas experiências diferenciando as situações de acordo o cenário vivido. Estes fatores desperta o interesse no pensamento sistêmico que não se limita na avaliação de uma parte em si, e amplia sua percepção para como ocorrem às relações e suas interconexões. Este sistema existe em virtude da interação dos elementos que geram as relações. Júlio de Mello e Filho,  em seu livro Doença e Família, aborda sobre a retroalimentação, que é a circulação das informações entre as partes que contem a positiva predispondo à mudança, e a negativa que busca a homeostasia do sistema. Importante ressaltar que ambas as condições são interdependentes e complementares, e que tanto a estabilidade (homeostase) como a mudança são indispensáveis à existência humana e a alternância é fator predisponente ao estado de ‘saúde evolutiva’.

Este breve resumo sobre o processo do pensamento sistêmico teve como objetivo ressaltar sobre a importância do acompanhamento familiar no adoecimento de um de seus membros. A família como parte de um todo que configura o indivíduo, também adoece, necessitando de acolhimento, orientação, escuta e intervenções de suporte.

Diante do acometimento da doença no paciente, particularmente em ambiente hospitalar, toda atenção é voltada para a melhora do quadro clínico o que é premissa fundamental dos cuidados em saúde. Porém, as figuras parentais ou consideradas como familiares, muitas vezes perambulam pelos corredores em busca de notícias daquele (a) que para eles é um ente querido (a) e não somente um paciente que precisa de tratamento.

Devemos levar em consideração a angústia destas pessoas, e também como fonte de informações que podem ser relevantes na conduta do caso. Para isso devem se sentir parte do processo de tratamento, através da aproximação e escuta do emaranhado de sentimentos que circundam em cada um deles, doença, saúde, medo, ansiedade, expectativas e conflitos pré-existente no circuito familiar.

Esta condição atual de pandemia, onde os familiares devem ficar afastados do paciente, impõe um sofrimento ainda maior, visto que o tempo de internação, o risco eminente de óbito são desencadeantes ao processo de ansiedade e algumas situações de desespero.

Os profissionais da assistência como psicólogo, assistente social como partes da equipe devem criar espaço de apoio para estas pessoas, mesmo tendo como realidade o impedimento de acesso em decorrência do risco de contágio, mas em parceria com a instituição/município poderão reinventar-se em prol da minimização dos sofrimentos causados por esta condição.

A Covid-19 tem sido um desafio diário para todos, e trouxe em sua ‘bagagem’ o desdobramento dos envolvidos no cuidado a saúde do paciente, o que sabemos vem gerando estresse e adoecimento. O psicólogo tem como base de estudo análise do comportamento e suas emoções, e particularmente neste momento sua atuação é prioridade aos pacientes, seus familiares e colegas de equipe.

A saúde permeia o cuidado físico e mental do indivíduo adoecido e da sua realidade familiar.

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