O atendimento psicológico ao adolescente em situação de vulnerabilidade.
Por: Rivane Montenegro
A fase de desenvolvimento do indivíduo na adolescência é registrada por um período de intensa mudança: física, emocional, comportamental. Junto a este processo vem acrescido o ganho de responsabilidades que até então era algo desempenhando pelos seus pais ou responsáveis. Este é o cenário que contempla um jovem inserido em seu núcleo no tradicional modelo familiar. Porém, esta realidade se apresenta bem diferente nos casos em que se encontram em condição de vulnerabilidade.
A teoria de Erickson que a tarefa ou o dilema central da adolescência é o da identidade versus confusão de papéis.
Para que se possa compreender o desenvolvimento humano precisa observar tanto a mudança quanto a continuidade. Como é elaborada as alterações e o que será compartilhado por eles, assim como analisar a natureza e o meio ambiente, a hereditariedade. Desta forma, a criança que nasce e se desenvolve em ambiente estimulador possui estrutura favorável ao seu desempenho. Da mesma maneira que a criança que cresce em ambiente hostil e agressivo possivelmente desenvolverá comportamento semelhante.
O adolescente que não dispõe dos cuidados e orientações de referencial tem grandes possibilidades de apresentar dificuldades de ajustamento às novas experiências, pela ausência de informações essenciais a este estágio de desenvolvimento, e em responder as exigências que vão se acumulando. Viabilizando a crise de identidade entre a criança que deixou de ser e o adolescente que está ascendendo.
“Quem sou eu?”
É comum que no início de sua puberdade este questionamento seja parte de seu discurso e que venha a ser um enfrentamento diário com ele mesmo e no seu meio familiar e grupal. Entram no parâmetro comparativo de suas capacidades acadêmicas, atléticas, aparência física dentre outras, e neste processo muitas vezes se frustram diante do que avalia como sendo o “ideal” para si mesmo.
Os padrões nos relacionamentos mudam na adolescência, o aumento pela companhia de grupos mistos em conformidade com os valores formadores destes vínculos. Há diminuição na da influência dos pais e consequente proximidade com os pensamentos e atos dos amigos.
Em meio a tantas alterações e questionamentos a falta do referencial de familiares ou responsáveis o deixa factível às condições sociais que em sua maioria é um potencial para a condição de vulnerabilidade.
Durante minha experiência na psicologia com menores em conflito com a lei em projeto sócio educativo, foi possível observar e acompanhar a história de cada adolescente e suas relações familiares e sociais. Traziam relatos da falta de interação nos diversos contextos que circundam jovens entre 10 a 15 anos, os quais estão em seus lares e frequentando escolas, atividades físicas e lazer compatível a esta fase. Apresentavam um misto de confusão diante dos atos cometidos e a visível necessidade de acolhimento pela equipe. E, apesar da dificuldade de suporte na rede municipal e algumas perdas dos vínculos com seus pais, mostravam-se disponíveis, dentro de suas limitações, para análise das alternativas apresentadas seja em atendimento individual e na construção em grupos.
A oferta do acompanhamento psicológico é uma ferramenta que o estado e a sociedade tem de compromisso com jovem em condições de vulnerabilidade, não cabendo julgamentos e estereótipos àqueles que foram excluídos das condições favoráveis de resposta ao social.
“A adolescência é um segundo parto: nascer da família para andar sozinho na sociedade”.
Içami Tiba