Respeite a condição do outro, seja ela qual for.
Por: Rivane Montenegro
Há algum tempo venho observando as relações entre a diversidade das condições das pessoas ao meu entorno e em como podemos atuar frente ao desconforto causado pela segregação ameaçadora ao direito do outro, e dos pacientes que compartilho a troca no processo terapêutico, e é através deste contexto que trago esta reflexão.
Entre o discurso aclamado em manifestações resultantes de atitudes abusivas e ação reflexiva e contínua sobre a dinâmica comportamental, existe uma lacuna significativa, e não estou referindo a imposição em transformar pessoas, até por que reforçaria o desrespeito, a ponderação que proponho é voltada ao indivíduo e suas condições enquanto sujeito de seus atos, e anseios no pleno direito de ser.
Não há diretriz social que seja capaz de “pré determinar” a qual etnia este ou aquele indivíduo pertencerá, assim como não há “pré estabelecimento” de como a estrutura deste sujeito contextualizará a sua história de vida, e dentro deste cenário de como reproduzirá suas emoções, pois nesta área existe a sua individuação que o compõe, e o torna diferente do outro, sendo esta diferença a impulsão para novos saberes e descobertas.
O que está no outro que impacta e incomoda em nós?
Porque a relação afetiva necessita de aprovação enquanto as constantes agressões aos cidadãos negros, homossexuais e mulheres sofrem com a brutalidade?
Dualidade que nos assombra pelo teor de suas semelhanças. O que difere não é bem-aceito, causa estranheza e incômodo.
Atualmente se fala muito em empatia, o colocar-se no lugar do outro, mas entre o discurso e a prática existe um vasto espaço ocupado pelos “conceitos” engessados e estagnados pela dificuldade básica de entendimento sobre quem é o outro, e como esta relação possibilitaria ampliação perceptiva de cada uma das partes.
Falar sobre a importância do respeito as diferenças veio ao longo do tempo se transformando na ideologia transformadora da sociedade, que apesar de todo o processo de envolvimento de pessoas e entidades ainda não alcançou a sensibilização dos fatores fundamentais para o relacionamento humano. A elaboração do que há em você pode refletir do que está no outro, e esta reciprocidade de experiências é um facilitador na relação.
Sabemos, no entanto, que para convivermos em sociedade necessitamos de ajustes que estejam adequados ao bem comum, e para tanto cabe a cada sujeito a contemplação ao respeito do seu direito e demais, o que resultaria ao comprometimento destes indivíduos a sua condição natural e distante do julgamento, marginalidade e dificultadores sociais a eles impostos.
Percepção e análise do sujeito cabe a ele, ou a quem o mesmo conceder este direito. Constantemente é noticiado sobre o “massacre” aos negros, homossexuais e mulheres originados pelo comportamento adoecido ou perverso dos agressores, importante ressaltar que não há nenhum intuito em julgarmos a condição do agressor, ao contrário, há necessidade de entendimento profundo sobre as situações envolvendo estas tragédias para que possamos atuar em benefício de uma sociedade acometida por questões como estas viabilizar ambiente propiciador pela preservação e saúde das pessoas.
Somos partes que ao interagirem entre si constitui a condição do sujeito pelas suas ações, fortalecidas no viés das emoções que perpassam em nossa constituição, e para que seja atingido o bem-estar é essencial que sejamos libertos dos julgamentos e imposições sociais que não são inerentes a nossa essência, a nossa condição.
“Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos”
Sto Agostinho