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O PAPEL DA INTERNET/REDES SOCIAS, E O QUE ELE PRODUZ.

O PAPEL DA INTERNET/REDES SOCIAS, E O QUE ELE PRODUZ.

Por: Rivane Montenegro



Quase metade da população mundial possui cadastro em alguma rede social, este número é de cerca de 3,8 bilhões de pessoas1.Este valor significativo mostra o alcance e impacto que um determinado conteúdo pode atingir o indivíduo.
Diante deste cenário as informações podem gerar benefícios e malefícios, o que nos mostra o quão importante é a percepção sobre o seu uso e os resultados implicados. O celular é um acessório que se tornou parte da pessoa, é como se sem ele não houvesse contato com o externo, além de meio de comunicação ele é o elo de ligação com a manutenção do “novo formato de vínculo”.
E os vínculos reais?
Como mantê-los diante da ausência ou troca pelo contato virtual?

São questionamentos como estes que movimenta a caminho do entendimento
sobre o poder exercido pela tecnologia, que impede ou destrói a capacidade
humana da comunicação e do afeto.
A praticidade do mundo moderno está associada ao distanciamento que provocava o movimento em busca de satisfação das necessidades. Atualmente o celular, note, etc, oferta informações, produtos e pessoas através de suas telas. Pontuo que há favoráveis condições ao uso, mas pondero a relação que se estabelece com este uso.
Sabemos sobre a importância do diálogo, do contato e de afeto entre os integrantes de uma família, e o que se mostra, inclusive em nossos núcleos, é a presença constante do celular durante as refeições, e nos momentos dedicados a troca de relatos sobre o dia vivido por cada um do familiar, e é um processo dinâmico que nos envolve na “naturalização” da situação, mesmo que o discurso seja contrário a prática.
Qual produção é obtida quando processamos um emaranhado de relatos, curtidas e conteúdos produzidos por nós e pelos nossos “contatos sociais”? Como interagir com nossas reais demandas se nem sequer percebemos nossa condição de sujeito?
Convido-os a participar desta reflexão onde você é o eixo de atenção, e diante da participação em situações às quais não se tem conhecimento, fica-se alheio a configuração situacional, mas que promove o funcionamento do processo.
Dentre a variedade de elementos que permeiam o panorama do uso das redes
sociais como elemento representativo do indivíduo, é colocado em risco de
exposição dos conteúdos de fragilidade psíquica como podemos verificar através da automutilação digital, onde o indivíduo é autor e destinatário das mensagens, que possui fotos e falas ofensivas. Segundo Patchin e Hinduja (2017), um dos objetivos perseguidos pela automutilação digital é esclarecer as percepções negativas que o indivíduo tem sobre si são aceitas e, se forem, a tendência é que o sofrimento do indivíduo aumente. Assim o que era apenas digital, passa a ser física.
As relações configuram-se no formato do virtual e nele é instalado, gerando um circuito ocupado pela ansiedade de mensagens e likes, criando um pseudo sentimento de rede de contato, mas que cada vez mais reforça a condição de elemento separatista na formação e condução do sujeito

1 Relatório Global 2020 (Digital Statshot,2020, produzido pela agência We are Social e pela plataforma Hootsuite.