TERAPIA DE CASAL: Quando e por que fazer?
Por: Rivane Montenegro
Quando vemos ou lidamos com um casal associamos a duas pessoas que formaram par, não elucidamos que para este par ser formado foi através do encontro entre sujeitos de suas individuações. E, como parte da característica de um casal, a conjugalidade se dá exatamente pela união das partes para que em sua combinação haja conteúdos de cada parte.
Cada vez mais nos percebemos menos, condição contraditória para o alcance do conhecimento sobre si mesmo, mas que diante do acionamento do “automático”, passa a ser uma rotina cada vez mais presente. O olhar-se para dentro remete ao indivíduo a possibilidade em enxergar sentimentos e dificuldades por ele experimentadas, trazendo à tona condições de desconforto.
A defesa do inconsciente em dificultar a clarificação dos sinais é a camada protetora em atuação, impedindo que este enfrentamento venha a ser devastador ao seu entendimento num dado momento. O processo terapêutico auxilia neste suporte pela escuta, análise e intervenção frente ao discurso do paciente.
Como se estabelecem às pessoas que se encontram como casal e desconhecem o acompanhamento psicológico como ferramenta para suas demandas e as que surgem com o seu (sua) parceiro (a)?
Pondero a reflexão na necessidade básica sobre o compromisso inicialmente ao indivíduo para que este possa ampliar sua percepção como integrante desta relação. A terapia de casal promove um campo de conhecimento ampliado em como é e como acontece a estruturação dos pares.
O objetivo dos terapeutas de família é ajudar seus membros o sentido de ampliar a compreensão que eles têm do conflito e expandir as opções para promover mudanças. Dentro de uma abordagem junguiana, um dos objetivos centrais da terapia familiar é o movimento de sair da equação familiar homeostática em que o equilíbrio é mantido ao custo de uma ou várias patologias individuais e de unilateralidades¹.
Quando um paciente busca a terapia o levantamento de dados sobre o histórico familiar é observado e avaliado diante do contexto que ele apresenta, os quais envolve seus pais, irmãos, avós, dentre outros, a rede de relações atuante no seu desenvolvimento e a influência em sua vida.
Ao se abordar um casal o histórico de cada um são embasadores para a compreensão de sua composição. Não há culpados pelo conflito, quando instalado, há um conjunto de fatores trazidos pela relação do casal, o que depende diretamente da disponibilidade das partes em buscar alternativas que beneficiem esta relação.
A projeção no outro de questões indesejadas ela mesma continua mantendo contato com estas questões, mas através da relação com outro. Ficando estas questões sendo tratadas da mesma maneira que foram tratadas em si, ou seja, o que não é suportado em si mesmo é localizado e atacado no outro.
Por que fazer terapia de casal?
Por tudo isso e muito mais, mas se atente primeiramente em você, como se percebe e atua na relação que você é parte.
“Conhecer a sua própria escuridão é o melhor método para lidar com a escuridão dos outros”
Jung
1 Terapia de Casal e de Família na clínica junguiana; Vanda Lucia Di Yorio Benedito (org) – São Paulo; Sumuus, 2015.