Enfrentamento de mudanças: conteúdos latentes e angústia pelo novo. Relatos e Intervenções na Clínica.
Por: Rivane Montenegro
É corriqueiro ouvirmos na prática clínica o quanto é difícil, e as vezes um impeditivo o movimento de mudanças pelo indivíduo. Tal condição é estabelecida por situações experimentadas e não digeridas ao longo do seu tempo.
Nossa estrutura psíquica armazena informações que isoladamente em sua maioria, não configura a condição apresentada pelo indivíduo em uma dada situação, porém ao longo do processo terapêutico ao serem revistas, se torna acessível a associação com os dados que bloqueiam as ações.
O desejo pelo novo muitas vezes causa estranheza, haja visto ser um campo nunca visitado, onde não há registro sobre as possibilidades que se apresentam, fator gerador de apreensão e ansiedade.
A dinâmica que perfaz a evolução do indivíduo possui em seu constructo a necessidade constante pela aprendizagem, que ganha reforço através da experimentação. Logo, o voltar-se para o novo se torna parte deste processo, o qual ao mesmo tempo que contempla o valor benéfico da inovação de conhecimento, promove a saída da zona de conforto que se encontra.
Os relatos durante o processo terapêutico provocam no paciente a reflexão através de sua fala e das intervenções do psicólogo, trazendo conteúdos latentes que ficaram submersos, fazendo-o agir como se não houvesse contribuição destas informações. A interação com tais conteúdos geralmente ocasiona confusões diante do que sempre teve como verdade e que neste momento passa a ser fator de análise em contrapartida de possíveis alterações.
Revisitar situações que deixaram registros marcantes é parte deste ciclo de reconhecimento sobre as diversas questões que compõe o indivíduo, e essencial para análise sobre as condições que o impede em reavaliar possíveis movimentos.