OnMind indica: “Adolescência” (Minissérie)
Por: Andressa Riguête e Rivane Montenegro
Hoje nós viemos trazer a indicação de uma minissérie que está sendo muito comentada devido a atualidade de suas questões que englobam as problemáticas da juventude contemporânea, e nós não poderíamos deixar de trazer aqui as nossas reflexões diante delas.
Essa foi uma minissérie que nos provocou bastante, que claro, esbarra no nosso trabalho, no que acontece nos atendimentos clínicos.
Estamos falando da minissérie britânica: Adolescência, disponível na Netflix. A trama da série gira em torno de um crime cometido por um adolescente, que mata cruelmente uma colega de escola. Na investigação policial o que gera intriga é a tentativa de descobrir o que motivou tal crime, assim a trama se desenrola para as questões do uso das redes sociais, discursos de ódio às mulheres, violência, masculinidade tóxica, bullying nas escolas e entre outras tantas questões que poderíamos abrir para o debate. A questão dos impactos da internet e das redes sociais na subjetividade contemporânea é algo que só iremos ver o resultado no futuro, entretanto, já estamos nos confrontando com algumas destas questões e isso precisa ser visto com cuidado e atenção, para que seja possível minimizar esses impactos.
Os adolescentes são os mais vulneráveis diante de conteúdos na internet. A adolescência por si só já é um período de transição, de mudanças. A adolescência ocupa um lugar de limbo…onde, em alguns momentos são tratados como crianças e outras tantas com a cobrança de um adulto.
Poder falar sobre essa transição da infância para vida adulta, da fantasia da infância, da queda desse grande poderoso é a nossa proposta que abrange não somente a questão da psiquê e sim um ser social que transita entre o ser atual e o ser que está por acontecer. Logo, a inserção neste ‘novo’ ambiente necessita de ‘anfitriões’ que os acompanhe por esta nova trilha, deixando claro que são parceiros nesta jornada, afinal as escolhas precisam ser analisadas pelo ‘protagonista com o suporte do diretor da cena’.
Existem os meandros dessa transição que não são abordados na série por serem de maior profundidade. Cabe a nós ‘psis’ propor essa reflexão como também os movimentos facilitadores para que aconteça. Deixamos aqui alguns tópicos para reflexão, para você que é cuidador ou que é próximo de um adolescente:
- Não podemos deixar de refletir e ponderar sobre as partes envolvidas neste processo, cabe a família esta atenção em acompanhar a trajetória do adolescente nas redes, porém cabe às redes esta parceria com seu público em analisar os conteúdos que são expostos, afinal somos seres advindos das relações sociais com o outro e com as diversas transversalidades que o compõe.
- Será que os adolescentes estão seguros dentro de casa? Não seria essa agora uma falsa segurança, que pode despencar com o uso das redes sem supervisão? Lembrando que: supervisionar não necessariamente é invadir o espaço do jovem.
- Você conversa sobre os conteúdos que aparecem nas redes sociais, principalmente os de discurso de ódio, que são difundidos através de códigos? Você pode auxiliar no exercício de um pensamento crítico, para que o jovem possa avaliar por exemplo, quando padrões irreais estão sendo difundidos.
É importante escutar os jovens!
Proporcionar um espaço em que ele possa se expressar, falar de seus sentimentos sem ser julgado. Para que principalmente os meninos tenham seus sentimentos acolhidos, mostrando assim uma masculinidade que seja mais aberta para o sentir, para o acolhimento e o cuidado.
Fontes complementares: