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É preciso sentir para ressignificar

É preciso sentir para ressignificar

Por: Andressa Riguête e Rivane Montenegro

Você já teve a sensação de um pássaro engaiolado?

Qual seria a maneira de percebermos que estamos aprisionando sentimentos, pensamentos e desejos? 

“O pássaro engaiolado canta com um gorjeio temeroso que fala de coisas desconhecidas, mas ainda assim ansiada e sua canção é ouvida na colina distante, pois o pássaro engaiolado canta pela liberdade.” (Maya Angelou: O Pássaro Engaiolado)

Essa ‘gaiola’ não necessariamente precisa ser um espaço físico, ela pode ser a projeção que nossos referenciais nos impõem, o sistema social o qual prestamos satisfação, atestando/aprovando que o outro sabe o que é melhor para nós.

As gaiolas adoecem! É comum na clínica, no exercício de cuidar de dores emocionais, nos depararmos com indivíduos aflitos e ansiosos por terem que suportar cada dia o aprisionamento de suas emoções. Os medos e a condição de desamparo, vão adoecendo e resultando em sintomas. A busca incessante pelo ‘preenchimento do vazio’ através das diversas compulsões, dependências, desencadeando distúrbios, navegam pela superfície de seus sentimentos como a pseudo tentativa de ‘ocupar’ o que muitas vezes desconhece. 

O sujeito precisa lidar com os seus ‘anjos e demônios’ para tão somente assim reconhecer e dissernir o que lhe pertence. É essencial que estejamos comprometidos com o processo terapêutico, valorizando o espaço que conquistamos, distanciando-se dos aprisionamentos. 

Quantas vezes ouvimos frases como: ‘engole o choro’, ‘menino não chora ou não chore na frente de ninguém‘, dentre tantas outras repressoras da expressão de sua dor. 

A psicoterapia/análise e o sujeito mergulham percebendo, intuindo, analisando e associando uma diversidade de significantes provocadoras da liberdade de expressar o que genuinamente é desejante. 

  • A psicossomática refere que ‘diante da postura em que se privilegia a escuta do sujeito, o sintoma é um substituto ou a própria doença e se apresenta com uma face de signo e outra de significante’ (Geraldo Caldeira e José Diogo Matins, 2001).

O processo terapêutico impulsiona encontros, nos dá acesso ao que desconhecemos ou negamos. Dirimindo dúvidas, temores e culpas expressando nossas emoções. 

Falar em terapia é também construir uma liberdade. 

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