O relógio está correndo. Sua empresa está preparada?

Por: Andressa Riguête e Rivane Montenegro

Até 25 de maio de 2025, todas as empresas devem se adequar à nova exigência da NR-1: o mapeamento e gestão dos riscos psicossociais.

Ansiedade, estresse e burnout agora são parte do seu PPRA e PGR — e ignorar isso pode custar caro.

Somos psicólogas certificadas em NR-1 e ajudamos empresas a transformar exigência legal em estratégia de bem-estar e produtividade.

Vamos agir agora?

Em 2024 foram divulgados dados sobre o maior aumento em 10 anos de afastamentos por ansiedade e depressão no Brasil, revelando a crise de saúde mental no ambiente laboral (aproximadamente 470 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais). Comparando os dados obtidos em 2014 estes números mais que duplicaram.

As causas estão diretamente ligadas a transtornos na saúde mental:

Transtornos de ansiedade (141.414)
Episódios depressivos (113.604)
Transtorno depressivo recorrente (52.627)
Transtorno afetivo bipolar (51.314)
Transtornos mentais/comportamentais pelo uso de drogas e substâncias psicoativas (21.498)
Estresse grave e transtornos de adaptação (20.873)

Importante destacar que além dos transtornos citados compõe a relação de afastamentos por doença mental foram apresentados casos de esquizofrenia (14.778) e transtornos em decorrência do uso abusivo de álcool (11.470) e de cocaína (6.873), além dos transtornos específicos da personalidades (5.982).

Essa condição alarmante necessita urgentemente do olhar das organizações e a sua relação com suas equipes, apesar da NR 1 (Norma Regulamentadora) ter tido a sua primeira versão em 08/06/1978 o crescente aumento do adoecimento psíquico nos apresenta a caótica situação no que tange a vida laboral.

O professor de psicologia da Universidade Federal da Bahia e membro do Conselho Federal de Psicologia Antonio V. B. Bastos, esses dados já estavam em monitoramento, porém o que se apresenta não houve ação diante do quadro da crise de saúde mental no Brasil.

“Os indicadores de adoecimento e de sofrimento psíquico extrapolam o mundo do trabalho. A crise de covid-19 nos trouxe essa pós-pandemia. Vivemos numa sociedade adoecida. Houve uma ruptura muito profunda da forma como vivíamos e vivemos, em certa medida, sequelas dessa experiência traumática.”

A diversidade das formas de relações vem sendo cada vez mais instituídas de maneira rápida e muitas vezes solitária, sendo elementos de análise para que possamos integralizar processos com a minimização deste ‘novo modelo de ser’.

Estes novos modelos estão afetando diversos âmbitos da vida. Precisamos considerar que a vida dentro do trabalho e fora dele, não são completamente separadas. Portanto, o que acontece fora, afeta diretamente as relações e ambiente de trabalho.

Podemos tomar como exemplo o modo cada vez mais solitário e individualizado de ser, como um dos fatores que promove a competitividade, que somado a cobranças em excesso, acabam por construir relações pautadas em rivalidade, onde deveríamos encontrar parceria, trabalho em equipe, empatia pelo próximo, encontramos um ambiente tóxico.

Isso nos leva a analisar a importância de um bom ambiente de trabalho, com relações saudáveis para que seja possível ter saúde no exercício do trabalho. O que está completamente relacionado às condições que o trabalhador encontra para atuar.

E falando em condições e ambiente de trabalho, neste mês acontece a campanha Abril Verde, um alerta para a saúde e segurança no trabalho. O mês de abril foi escolhido para a campanha devido à data de 28 de abril, Dia Internacional em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho. A campanha tem o intuito de conscientizar empresas a adquirirem hábitos de saúde e segurança, para promoção e prevenção em saúde no trabalho.

Os dados e pesquisas nos mostram como as condições de trabalho vem gerando diversos transtornos e agravos na saúde do trabalhador, vivemos uma situação de urgência, que precisa ser transformada.

Essa transformação precisa ser feita com muitos braços, precisa ser feita em parceria, com empatia. É por isso que estamos falando disso hoje, para que junto às empresas e trabalhadores nós possamos encarar esse desafio de construir uma realidade de trabalho mais saudável.